… o lugar de destaque ocupado por esta publicação na históriada fotografia em Portugal
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Agosto de
1907. Capa da revista A Arte Photográphica, nº 26
com o título
“Serões. Edição com concurso photográphico.
Periodicos/Seroes/1907/N026/N026_item1/P50.html
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A
Arte Photographica, (1884-1885)
periódico de fotografia em Portugal, foi fundada por Carlos Relvas e Ildefonso
Correia e foi propriedade da Photographia
Moderna de Leopoldo Cirne[i],
no Porto. Embora dedicada a amadores, a revista
vestia-se de um evento moderno partilhado por muitas publicações da época[ii].
Ao longo de 23 números, foram
lançadas duas edições em que uma continha fotografias reproduzidas pela
técnica da fotipia e outra com
originais colados em vários processos, desde a gelatino-brumeto à photoglypia.
Cada número trazia um «specimens» legendado por autores, fotógrafos em voga na
época[iii].
A Arte Photográphica foi uma Revista
Mensal dos Progressos da Photographiae das Artes Correlativas e abrangia
áreas de interesses relacionados com a fotografia no final do século XIX.[iv]
Cada secção da revista consistia no Formulario[v];
Lições de chimica photographica
elementar; Apontamentos para a
fotografia instantânea[vi];
e uma secção Specimens, espaço
reservado a uma alusão à fotografia impressa na capa[vii].
Relacionando as matérias, concluímos
que o denominador da revista era fornecer informações técnicas e artísticas
para os leitores no que diz respeito aos avanços da arte.
Divulgou o “célebre texto” de Robinson que criticava a fotografia como uma
técnica e não uma obra de arte, sublinhando a necessidade de conhecimento da
arte e educação do gosto para a realização de um click. Perante as divergências que se faziam sentir, a revista
difundia textos sobre a polémica com o objectivo de elevar a fotografia ao mundo
das artes. A Arte Photográphica, “não é uma revista excecional, mas antes
exemplar(…) além da observação do progresso técnico(… )é o de render-se ao
encanto dessa elegante publicação”[viii].
Ela é um estímulo à imaginação.
A ideia de uma revista ligada
aos assuntos de estética e técnica fotográfica parece que se tornou numa rampa
de lançamento para futuros projectos. Tornou-se num excelente veículo a
«imitar» de forma cada vez mais ousada, poderosa permitindo ideias cada vez
mais modernas que vão incentivar as várias elites na prática e estudo da
fotografia como lazer e arte. Multiplicam-se as publicações de divulgação
fotográfica e os manuais de iniciação[ix].
A fotografia tem agora uma utilização muito mais vasta, quer no domínio
público quer no domínio privado e amador[x].
Em 1885 publica-se o Álbum em 4
volumes de Cunha Moraes “A África Ocidental”[xi].
A 1886 surge a ideia da Exposição Internacional de Fotografia[xii]
noticiada pela dita revista, como “um
projecto ambicioso mesmo para a época”[xiii].
O Palácio de Cristal[xiv]
serviu de palco ao evento de photographia
Moderna. Contudo, só abre as portas depois da queda da revista não lhe sendo,
por isso, entregue a merecida dádiva do rescaldo da exposição.
No mesmo ano surge a ideia da
Fundação de uma Academia que “conglobasse
num só esforço, de todos os amadores, para o progresso da arte photográphica
em Portugal”[xv].
Era necessário reforçar a ideia de que muitas vezes são os amadores que
oferecem novo impulso para e evolução da arte e também tomar consciência de
seguir as pegadas estrangeiras. As academias permitiam um difusão entre
fronteiras abrindo alas ao progresso. No final do século, todos os jornais têm
páginas reservadas aos fotógrafos e ao que de melhor fotografam por cá.
Os aparelhos simplificam-se,[xvi]
as edições vulgarizam-se, publicam-se manuais e surge um outro evento, a Exposição de Fotografia de Amadores, em
Lisboa.
Enquanto a evolução prossegue o
seu ritmo, o início do século vem retomar as questões da fotografia como arte.
Paulo Plantier recebe o título de «Heresia da Photographia Moderna» no início
do século XX com retratos de “flagrantes”.
E o CPF[xvii]?
Terá surgido no seguimento das antigas ideias de proteger e divulgar a
fotografia como arte, e julgo que funcionará como museu/espólio de uma arte
que agrada qualquer um de nós.
A Arte Photographica, pioneira nos assuntos de arte da fotografia[xviii]
foi, segundo o CPF, “considerada internacionalmente
uma revista de rara sofisticação e qualidade”. 117
anos depois da primeira publicação, e no âmbito da Porto 2001,[xix] foi reeditada em
colaboração com o CPF[xx].
A duração da revista foi modesta
contudo, ocupa lugar de destaque tornando-se uma referência para a fotografia
portuguesa, sinónimo de modernidade e vincada no avanço da técnica até
culminar na obsolescência[xxi].
Bibliografia:
- SENA,
António, Uma História de Fotografia, Lisboa, Imprensa Nacional
- Casa da Moeda, 1991.
Webgrafia:
1.
BARROCAS, António José de Brito Costa,
“A arte da luz dita revistas e boletins teoria e prática da fotografia em Portugal
(1880-1900)” Universidade de lisboa, Faculdade de Belas Artes, visível em
<URL>
Consultado em 08-12-2014 pp. 78-82
3.
CPF, Centro Português de Fotografia,
visível em: <URL> http://www.cpf.pt/,
(consultado a 12-12-2014)
4.
MICHELON, Francisca Ferreira, “O
moderno e o obsoleto da Arte Photographica, visível em: <URL> file:///C:/Users/pc/Downloads/1153-3566-3-PB%20(2).pdf (consultado a 10-12-2014)
5. “Revista Arte Photographicareeditada 117
anos depois, pela Porto 2001”, visível em <URL> http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=9609, (consultado em 10-12-2014)
6.
http://www.emiliatavares.com/uploads/5/7/8/9/5789024/emlia_tavares__ensaio_retrato_fotogrfico.pdf (consultado em 10-12-2014)
7.
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/FichasHistoricas/BoletimPhotographico.pdf (consultado em 10-12-2014)
Notas de Fim
[i] No cargo da direcção Literária.
[ii]
Uma boa publicação do séc. XIX foi a “Ilustração
Portuguesa” (1884-1890); O jornal diário lisboeta “Diário
Ilustrado” (1872-1911) E os diários “Comércio o Porto”, “O Primeiro de Janeiro”
e “Jornal de Notícias”.
[iii] Nomes como
Margarida Relvas, Eduardo Alves, Rebello Valente ou Cunha Morais…
[iv] Várias áreas de interesse como a Informação técnica e prática sobre máquinas fotográficas,
acessórios, procedimentos químicos, materiais de impressão e gravura; Informação teórica através de
apresentação de textos pedagógicos e sobre estética; Informação geral inerente à fotografia seja de carácter nacional
ou estrangeiro; Publicação de
correspondência.
[v] Descreviam os processos
que estavam em voga, nomeadamente a photoglyptia,
phototypia, negativos em gelatina, chromotypia e stannotypia.
[vi] Como a crónica
de um fotógrafo amador explicando o modo de obter as melhores fotografias
instantâneas
[vii] Descrição do
equipamento e material utilizado na fotografia, assim como o processo de
impressão.
[viii] Michelon, p. 30 in “O moderno e o obsoleto na Arte
Photographica”.
[ix] Prova do alargamento
do acesso às técnicas fotográficas e do interesse de um número cada vez maior
de adeptos.
[x] Os progressos
tecnológicos permitiam a impressão directa da fotografia, sem a mediação da
gravura. No domínio privado, a simplificação tecnológica e dos processos
químicos de revelação pluralizam o uso.
[xi] Editado por David
Corazzi. Sendo a publicação mais interessante do século XIX.
[xii] Este projecto tem como
objectivo difundir e partilhar saberes, experiências e resultados das
experiências de cada participante. Nesta exposição participam fotógrafos
profissionais e amadores nacionais e estrangeiros.
[xiii] Sena p.35 “Uma História de Fotografia em Portugal”
[xiv] Na cidade do Porto, o imóvel que deu o nome ao Palácio
já não existe. No entanto ele tivera sido construído para efeitos culturais.
[xv] Sena p.43; Até à data não existia nenhuma instituição do
género.
[xvi] Altura em que aparece a 1ª Kodak e a Pocket e principalmente
os filmes em película, que vêem nascer uma nova onda de adeptos.
[xvii] O Centro Português de Fotografia (C.P.F.),
na antiga Cadeia da Relação, no Porto, existe desde 1997 criado pelo então
Ministério da Cultura, Ministro Manuel M. Carrilho, no sentido de assegurar uma
política nacional para a fotografia. Actualmente tem como missão salvaguardar,
valorizar e promover o património fotográfico.
[xviii] As três principais
publicações periódicas portuguesas dedicadas à fotografia e publicadas no
século XIX foram A Arte Photográphica
(1884 a 1885), Boletim da Academia
Portuguesa de Amadores Photograficos (1886) e o Boletim do Grémio Portuguez d`Amadores Photographicos (1890 a 1892)
que se publica ao longo de três anos.
[xix] Porto, Capital Europeia da Cultura.
(Criação de Pontes para a Cultura)
[xx] Considerada como memória, reuniu todos os números publicados
que, numa tentativa de aproximação com o real, as gravuras foram impressas e
coladas no texto.
[xxi] Michelon, pp. 43-44
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