quinta-feira, 31 de maio de 2018

S. João de Tarouca - Mosteiro +

S. João de Tarouca
O berço das primeiras experiências de socalcos do Douro

Fotografia: Lurdes Pereira
2018










































S. João de Tarouca - CIT

Centro Interpretativo de S. João de Tarouca

Fotografia: Lurdes Pereira
2018









S. João de Tarouca - Moinhos de Cister


O moinho de Cister é rei

Texto e fotografia
Lurdes Pereira


































Tendo como pano de fundo as primeiras experiências em socalcos do Douro, o Vale do Varosa guarda na memória e na paisagem um epicentro de moinhos de água com berço cisterciense.

Longe vão os tempos em que os moinhos eram uma actividade económica mas pouco rentável nesta geografia rural. Apesar da sua história, da saudade e da memória, ninguém esquece a vida dura por detrás dos bastidores. 
Com a mudança dos tempos os moinhos perderam a utilidade e sofreram o abandono. Muitos apresentam estado avançado de degradação e outros, apenas lhes resta a memória oral das gentes que viveram aquele tempo. No entanto, e porque hoje a sociedade está mais atenta a questões de cultura para a recuperação e salvaguarda do património, a dignidade está a ser devolvida a estes pequenos monumentos.
Com o apoio do município, da junta de freguesia e da investigação de Sónia Ildefonso a Associação Sociocultural de S. João de Tarouca desenvolveu um projecto que permite recuperar e continuar a memória, a cultura, a história de um passado dando prioridade à recuperação da identidade. 
O Dia Nacional dos Moinhos, S. João de Tarouca começou com conferências para melhor se entender a importância do projecto para o desenvolvimento da localidade. 
O Vale do Varosa vai dar continuidade a esta cultura de moagem. Os participantes foram convidados a provar todas as iguarias à base de farinha de milho. Entre bôla e pão confeccionados pela Associação e alguns doces da escola de hotelaria, os milhos, com carnes de vinha d´alhos, preencheu o cardápio para o almoço do moleiro. E para sublinhar as histórias de antigamente, todo o milho foi moído nos moinhos, agora recuperados. 
Finalmente, a inauguração do percurso pedestre, a Rota dos três moinhos de Cister! Ao longe avistam-se pequenos núcleos de moinhos enquadrados numa harmonia perfeita com a natureza. Os olhares da serra admiraram este Vale encantado onde a força da água é anfitrião galgando nas rochas polidas as naturais coreografias.
No meio do percurso fomos acolhidos na taberna do moleiro, original, genuíno, único! 
E finalmente, a sinalética com a identificação dos moinhos recuperados e a produzir como antigamente, Ananias, António da Faia e Valdemar Coutinho, envoltos numa paisagem caracteristicamente rural, onde o verde e a água comungam o mesmo chão. Neste palco entramos num outro mundo, levantamos o véu e viajamos no tempo ao encontro com a memória do passado. Silêncio! O Varosa marca os compassos da orquestra, a mó soa as primeiras notas afinadas em dueto com o jorro de água do moinho. O milho cai com a trepidação, a mó mói e a farinha desliza em cortinas de magia.
Mas a semente da engenharia molinológica ergueu-se ali, junto ao mosteiro, e não tinha como objectivo principal a moagem dos cereais. “Moía o saibro”, conta-nos o pároco da freguesia. Mas, para já, ficam estes testemunhos do tempo a transmitir histórias do passado à nova geração.
Entre muitos outros pontos de referência, S. João de Tarouca tem como expoente máximo o núcleo cisterciense que faz desta localidade um importante polo turístico, que agora se torna ainda mais rico com esta Rota dos Moinhos de Cister.