terça-feira, 2 de outubro de 2018

Resende - Caminhada


“Passeio da Memória”

Texto e fotos: Lurdes Pereira

Dando dimensão à “memória” e à natureza, Resende marcou o percurso para a realização da caminhada solidária da Alzheimer para assinalar o Dia Mundial da Doença de Alzheimer.
A Caminhada Solidária “Passeio da Memória” realizou-se no dia 15 de Setembro, com início no Campo de Futebol de Felgueiras, Resende, com um percurso pedestre pela “Encosta Terra Fértil".



Munidos de t-shirt, boné e água, os participantes demonstravam alguma ansiedade e vontade de iniciar uma viagem à “memória” pelos caminhos do passado. Por vontade de recuar no tempo, por vontade de entrar no seu mundo desconhecido, por apenas solidário, ou por várias razões, a vereadora do Município de Resende, Mª José Dias, dá início ao evento tão desejado pelos participantes.
É Verão, o calor aperta e o Sol queima nas encostas. No entanto, o percurso teve o seu ar de graça, ao oferecer a entrada pela inospitalidade das florestas que nos ofertaram sombra e muita fresca nas pequenas linhas de água.
São mais de 6 km de sobe e desce por estradões, estrada, calçadas e antigos caminhos de cabras. Os pequenos pontos habitacionais são lugar de pausa para “matar a sede” nas velhinhas fontes, com a água fresca e saborosa.
Felgueiras é uma região bela, bela nas memórias, nas casas e nas suas gentes. Beirós e Pimeirol foram lugares de passagem, lugares que ficam na “memória” pela intensidade mágica que guardam e pela identidade que representam na etnografia local.





Entre os dois povos, caminhos a percorrer, natureza a observar, recantos para imaginar, “memórias” para reconstruir, embelezados pela “memória” e suspiros de saudade.
Longe vão os tempos em que as pedras dos “quelhabouços” transpiram o “lamento canto” dos carros de bois. São visíveis as marcas da história de um Portugal que ainda guarda riquezas de outrora. A pedra rija assinala, no desgaste fundo, a infinidade de vezes que os bois ali fizeram o seu esforço, naquela vida tão dura, de magro pão que as gentes querem esquecer. Os estradões formaram vales entre o saibro, ou pedra mole, para dar lugar aos abundantes fluxos de água das estações chuvosas. Os povos são autênticas aldeias mágicas, fazem lembrar presépios ao vivo de gentes com uma simpatia e uma beleza singular.





Casas, muitas casas em pedra com as suas eiras de secagem dos cereais onde os canastros do milho, activos ou não, são de predomínio constante nestas paragens.
A caminhada foi serena, descontraída, animada e solidária entre os participantes. A meta final registou, na subida da escadaria para a capela do Espirito Santo, os rostos abrasidos, os olhares cansados, os estômagos fracos, mas felizes pela prova superada. Bifanas no pão e um rico caldo verde estavam à espera dos caminheiros para todos confraternizarem “por uma sociedade amiga das pessoas com demência”.



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