“Passeio
da Memória”
Texto
e fotos: Lurdes Pereira
Dando
dimensão à “memória” e à natureza, Resende marcou o percurso para a realização
da caminhada solidária da Alzheimer para assinalar o Dia Mundial da Doença de
Alzheimer.
A Caminhada Solidária “Passeio da Memória” realizou-se no dia
15 de Setembro, com início no Campo de Futebol de Felgueiras, Resende, com um percurso pedestre pela “Encosta Terra Fértil".
Munidos de
t-shirt, boné e água, os participantes demonstravam alguma ansiedade e vontade
de iniciar uma viagem à “memória” pelos caminhos do passado. Por vontade de
recuar no tempo, por vontade de entrar no seu mundo desconhecido, por apenas
solidário, ou por várias razões, a vereadora do Município de Resende, Mª José
Dias, dá início ao evento tão desejado pelos participantes.
É Verão, o calor
aperta e o Sol queima nas encostas. No entanto, o percurso teve o seu ar de
graça, ao oferecer a entrada pela inospitalidade das florestas que nos
ofertaram sombra e muita fresca nas pequenas linhas de água.
São mais de 6 km
de sobe e desce por estradões, estrada, calçadas e antigos caminhos de cabras.
Os pequenos pontos habitacionais são lugar de pausa para “matar a sede” nas
velhinhas fontes, com a água fresca e saborosa.
Felgueiras é uma
região bela, bela nas memórias, nas casas e nas suas gentes. Beirós e Pimeirol
foram lugares de passagem, lugares que ficam na “memória” pela intensidade
mágica que guardam e pela identidade que representam na etnografia local.
Entre os dois
povos, caminhos a percorrer, natureza a observar, recantos para imaginar,
“memórias” para reconstruir, embelezados pela “memória” e suspiros de saudade.
Longe vão os
tempos em que as pedras dos “quelhabouços” transpiram o “lamento canto” dos
carros de bois. São visíveis as marcas da história de um Portugal que ainda
guarda riquezas de outrora. A pedra rija assinala, no desgaste fundo, a
infinidade de vezes que os bois ali fizeram o seu esforço, naquela vida tão
dura, de magro pão que as gentes querem esquecer. Os estradões formaram vales
entre o saibro, ou pedra mole, para dar lugar aos abundantes fluxos de água das
estações chuvosas. Os povos são autênticas aldeias mágicas, fazem lembrar
presépios ao vivo de gentes com uma simpatia e uma beleza singular.
Casas, muitas
casas em pedra com as suas eiras de secagem dos cereais onde os canastros do
milho, activos ou não, são de predomínio constante nestas paragens.
A caminhada foi
serena, descontraída, animada e solidária entre os participantes. A meta final
registou, na subida da escadaria para a capela do Espirito Santo, os rostos abrasidos,
os olhares cansados, os estômagos fracos, mas felizes pela prova superada. Bifanas
no pão e um rico caldo verde estavam à espera dos caminheiros para todos
confraternizarem “por uma sociedade amiga das pessoas com demência”.
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