domingo, 16 de setembro de 2018

Resende - S. Pedro de Paus - FIF




Festival de folclore, uma partilha de identidades

Texto e fotos – Lurdes Pereira

Agosto, o Sol queima e o ar está abafado. No entanto, a tarde escaldante não deixou anular o evento da etnografia local, nacional e internacional, o XXXVII Festival Internacional de Folclore organizado pelo Rancho em S. Pedro de Paus, filiado desde 1980.
Chegou a hora do desfile. Logo em primeiro lugar, o grupo da casa, Grupo Folclórico e etnográfico de S. Pedro de Paus (Resende), seguidos de outros grupos convidados nacionais e internacionais – Grupo de Danças e cantares de Vermil (Guimarães), Tradicional Songs and Dances Ensamble Kuzelovjan (República Checa), Rancho Folclórico de Nogueira (Lousada), Grupo Folclórico de S. Martinho do Campo (Santo Tirso), Folklorni Ansambl “Koprivnica” (Croácia).









Depois do desfile, fez-se silêncio ao som da viola e da guitarra pelas mãos de Osvaldo Magalhães e Joaquim Ribeiro em “uma homenagem a todos os elementos que participaram neste rancho, e que, infelizmente, já partiram”, diz Ester Cardoso, com alguma saudade. E para que este silêncio sublinhasse a alma portuguesa, Sandra pisou o palco para nos deliciar com a voz do fado. Entre outros temas bem interpretados, "De rosa ao peito na roda" finalizou esta primeira parte do evento para dar lugar a outras tradições.
O presidente do rancho, António Branquinho, dedicou alguns momentos para agradecimentos e troca de lembranças das mãos das entidades presentes. 





Falar de tradições, nada melhor que um grupo de Folclore (saber tradicional de um povo) para testemunhar o modo de vida da região. As coreografias e cantigas de outrora, assim como os trajes, constituem o reportório local e representam as actividades agrícolas da época. Lembram as vessadas, as cavas, a terra removida com arados de pau e com a ajuda de bois. Entre as modinhas do Rancho, algo de singular as destaca, a Chula de Paus, considerada uma das mais belas danças folclóricas do país.
Durante anos, a sociedade quase fez desaparecer a história popular. Foi por insistência e afirmação que a etnografia deixou de ser considerada a ignorância popular para se tornar no grande pilar da formação cultural de um povo.
Graças ao Romantismo, e principalmente aos intelectuais de renome, conseguiu-se consciencializar a mentalidade, para a conservação do folclore como espelho da alma nacional. Como um grito de alerta, as obras artísticas destacavam elementos folclóricos de forma a afirmar o sentimento de identidade nacionalista. S. Pedro de Paus também segue esta linha preservando as suas memórias dando voz, música e movimento aos seus antepassados para herança das futuras gerações.
Para descrever esta tarde repleta de cor, alegria, nada melhor que umas imagens das brilhantes actuações destes Grupos de excelência que se juntaram para partilhar a própria identidade.

Grupo Folclórico e etnográfico de S. Pedro de Paus (Resende),










Grupo de Danças e cantares de Vermil (Guimarães),












Tradicional Songs and Dances Ensamble Kuzelovjan (República Checa),




Rancho Folclórico de Nogueira (Lousada),









Grupo Folclórico de S. Martinho do campo (Santo Tirso),







Folklorni Ansambl “Koprivnica” (Croácia).












S. pedro de Paus tem trajes pobres, tem lenços desbotados, tem pés descalços para poupar a vida das socas, mas também tem sorrisos no rosto abrasido pelo trabalho. E como “o hábito faz o monge”, o Grupo Etnográfico de S. Pedro de Paus possui guarda-roupa variada para cada profissão. As indumentárias do lavrador, vindimadeiras, feirantes, malhadores, entre outros, contracenam com o melhorado traje típico de domingo. Na roda, soltam-se as vozes do cancioneiro acompanhadas por vários instrumentos. Com a alegria da azáfama do dia, descalças, fazem rodopiar as simples saias contando a difícil história de vida, mas com muita identidade e dignidade relembrando um passado duro, mas repleto de alegria e saudade!




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