sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Resende - Barrô - 15 Agosto_etc&Tal

Barrô no “querido mês de Agosto”

 Texto e fotos: Lurdes Pereira

Agosto é sinónimo de Festa dos Padroeiros, mas é também o mês no qual muitos daqueles que vivem em diáspora pelo mundo regressam para abraçar as famílias e matar a saudade de um ano de ausência.
Chegou o 15 de Agosto, chegou o Dia das Sete Senhoras. Foguetes estouram no ar. De dia, em honra do Santo, à noite em forma de arraial. Na fronteira da Região Demarcada do Douro, Barrô (Resende) cumpre a tradição em honra da padroeira, Santa Maria de Barrô, que sucedeu, a Virgem da Assunção.
Depois de hasteadas as bandeiras, a manhã de domingo deu início à festa com uma cerimónia religiosa aos emigrantes. Como de costume, a véspera do grande dia é dedicado à recolha dos andores até à igreja Matriz. À noite houve música e, claro, a partida de fogo-de-artifício.



Barrô adormeceu já sem estrelas no céu, mas ergueu-se pela madrugada para as Festas religiosas em honra da Padroeira, a Santa Missa. 

Entre os vários andores dos Santos desta freguesia, a aldeia possui uma singularidade que se cumpre ano após ano. Desde o tempo em que o rio Douro era navegado pelos barcos rabelos, a Nossa Senhora da Boa Viagem, protectora dos marinheiros, nunca faltou à festa. A curva dos Piares era uma zona difícil de ultrapassar sem tragédia. As embarcações viravam e os marinheiros morriam afogados. Conta a lenda que certo dia, em que o fluxo do rio aumentou consideravelmente, os marinheiros viram a imagem da Nossa Senhora a boiar na água. Logo a baptizaram de Nossa Senhora da Boa Viagem. Em homenagem, e para que continuasse a ser protectora dos marinheiros, os habitantes de Barrô fizeram-lhe, no alto daquele penhasco, um nicho para lugar de morada da Santa. Por este motivo, todos os anos a Senhora da Boa Viagem está presente na Majestosa Procissão de Triunfo da Padroeira de Barrô, e os seus fiéis continuam a agradecer a protecção que Ela ofereceu ao longo dos tempos.



Barrô não esquece as tradições portuguesas. As colchas à janela, em tons carmesins ou brancas com brilhos de madrepérola, cumprem o ritual da devoção e adoração à passagem da Padroeira acompanhada por todos os Santos nos seus andores decorados de maravilhosos arranjos de flores. Abrigado pelo tradicional pálio de tecido dourado, o sacerdote transporta, entre as mãos, a Sagrada Custódia adornada com seu esplendor, um símbolo de culto da Eucaristia, desde o séc. XIII. Graças à dedicação que imprime na freguesia, o Sr. Padre Vasco ofereceu, aos fiéis, uma festa religiosa de excelência.



Barrô é uma aldeia dos limites do concelho. Já foi mais povoada. Mas nesta quadra, os filhos da diáspora voltam à terra para matar a saudade e agradecer à Padroeira a oportunidade de uma vida melhor. O encerramento das festividades contou com a actuação das duas bandas, a Nova de S. Cipriano e a Portela de Vila Real, uma actuação tão majestosa quanto a fé que os “Olhares da Serra” depositam na Santa Maria de Barrô neste “querido mês de Agosto”.

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