Feira Medieval em Lamego
Fotografia de Lurdes Pereira
2019
Atmosfera das lendárias cortes de
Lamego
Parafraseando Fernando Marado,
(…)
“Ao som de harpas e liras,
Lamego é um diamante
entre esmeraldas e safiras.”
É unânime a forma como todos a
apelidados, mas também temos consciência que para lá do poema que a encanta,
Lamego é uma cidade que no tempo de D. Afonso Henriques enche punhados de
história.
Texto e fotos de Lurdes Pereira
Já há alguns anos que por esta altura,
o Bairro Histórico do Castelo de Lamego é, durante três dias, palco da
recriação medieval em memória de D. Afonso Henriques e das lendas das cortes de
Lamego.
A história alastrou para lá das
muralhas do castelo. Adensaram-se os palcos pelas ruelas da Porta dos Figos dedicada
à Nª Sª da Guia até às ruas que levam ao jardim da República, passando pela
Praça do comércio. A cidade recebeu figuras nobres, mestres de ofício e servos
da gleba, construíram-se tabernas de rua à moda medieval e, a somar a tantas
actividades de sabor histórico, não faltaram arcos e flechas entre vários jogos
de destreza e perícia que atraíram os mais novos.
Pelas ruas alguns artesãos trabalham
o ferro, a marcenaria, que entre outros ofícios trouxeram para o presente
memórias que vão ficando esquecidas pela diáspora das profissões. Artes
esquecidas, anuladas ou substituídas por outras de carácter mais brilhante para
mais apetecível ao gosto da sociedade, mas que os artesãos de hoje teimam em
cuidar. Muito do artesanato comercializado em plena feira eram recriações de
artefactos para criar a história e as lendárias cortes, o mercado medieval,
torneios de armas, saltimbancos e bailias com arruadas musicais acompanhados
pelos cortejos temáticos.
Há festa noite e dia, há feira e alegria,
há teatros de rua e jogos que se perderam no tempo, há bruxas e leitura de
sinas, há um clima de metamorfose que nos transporta na máquina do tempo. Para
todos os que nela imprimiram o gosto da teatralidade, o certame teve a
preocupação de se tornar didáctica numa linguagem descontraída. Os ritmos de
outrora, tão diferentes da actualidade. Se o tempo de D. Afonso Henriques o
modo de vida era bárbaro, aos olhos do evento a barbaridade transforma-se numa poesia
em nome da história e da diversão.
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